tag:blogger.com,1999:blog-193459642024-03-07T15:12:57.851-03:00RapensandoRaphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.comBlogger283125tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-18150358957840460942017-10-27T15:31:00.002-02:002017-10-27T15:31:31.920-02:00Disputa do conceito<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aquela velha dicotomia entre teoria e prática sempre deixa-se levar quando, em momento como o atual, o conceito está sempre como objeto de </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">disputa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nesse gigantesco mundo de hiper-realidades¹ é comum questionar e deixar embaçado um conceito específico a ponto de ele se esvaziar de </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">significado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se nos exemplos se morre, por eles não se pode deixar de passar: (i) quando discute-se sobre antifascismo, a pergunta mais padrão por parte do </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">oponente na argumentação é "o que é fascismo então? Está tudo muito embaçado, o conceito não é muito bem definível. A linha entre fascistas e </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">antifascistas é muito tênue etc" (ii) quando se fala sobre direitos humanos, ou pela sua defesa, tal qual episódio recente acerca do ENEM, a </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">contra-argumentação sempre chega em um momento de inflexão com "mas direitos humanos variam e não podem significar o mesmo para determinadas </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">pessoas".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">São argumentos de conteúdo distintos, mas que carregam na prática da argumentação uma característica (ou técnica, ou falácia) relevante: deixar o conceito o mais indistinto possível, o mais vazio ou cheio (aqui tanto faz) de significado a ponto de não haver significado algum.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ou seja, se você é um antifascista e diz muito explicitamente que é contra um determinado sistema que "categoriza pessoas a ponto de não permitir que elas tenham sequer o direito de existência", o que ocorrerá em seguida é uma tentativa de ressignificação: "mas fascismo não significa isso".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para além de mero desfoque o que se faz é também uma distorção. Não a toa há diversas tentativas de revisionismo, especialmente histórico. Se a História já tinha em sua construção implícita uma colonialidade ou uma certa identificação afetiva com o vencedor², as tentativas de escape dessa ciclo sofrem um novo e diferente ataque. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ouvi recentemente que fascismo significaria, na realidade, por uma questão filológica, um movimento de ajuntamento tal qual o "cordão de três dobras³" bíblico. É bizarro o nível de revisionismo, não basta você deixar o conceito embaçado, deve esvaziá-lo de conteúdo para depois preenchê-lo pelo oposto, o que significa na prática permitir que determinados movimentos continuem atuando da forma em que estão. A disputa do conceito é isso: uma reação à mudança. Isso lembra bastante o modus operandi cristão expresso pela vontade de nada nietzscheano, que ainda é uma vontade. Mas isso é outra história...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Perceba-se que não se trata de mera disputa comum à construção de um novo conhecimento, uma construção crítica e metódica. Trata-se de mera reação a uma nova mudança de determinado status quo. Ora, não a toa quando do surgimento de políticas de ações afirmativas pipocaram diversos novos "estudos" sobre escravização de brancos por parte de mouros que, por filologia novamente, seriam os negros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E os revisionismos estão todos aí com a aparência que a autoridade de ciência dá. Hitler já virou de esquerda, a ditadura militar brasileira também e a economia é a única área que importa no fazimento de política. </span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">¹ Aquelas lá do Baudrillard</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">² Aquela acedia de que Benjamim fala.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 11pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">³ Aquela parábola de que quanto mais juntos estivermos menos difícil seremos de ser quebrados. Se bíblico não é, certamente é cristão.</span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-32157887411060387002017-02-08T21:15:00.002-02:002017-02-08T21:15:41.527-02:00Falácia do espantalho como ferramenta reacionária<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
O conservadorismo conseguiu muito acertadamente utilizar-se de uma falácia lógica que se expande como uma inteligência artificial fora de controle: a falácia do espantalho.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Em termos simples a definição diz que a falácia do espantalho é quando alguém ao discutir se apodera do argumento do outro, distorce e começa a discordar.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Pois bem, fatos alternativos são consequência disso. Pós-verdade também é subsequente, pois a crença também é advinda de um processo de conversão necess<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">ariamente conflituoso (para não ser clichê e usar o termo dialético, apesar de ser mais aplicável)</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; text-align: justify;">
Em termos mais explícitos: todo comentário popular de que o feminismo não é necessário, de que direitos humanos são coisa de bandido, de que comunistas vão invadir seu apartamento, te obrigar a ser gay e fazer com que seu armário seja escarlate... espantalhos feios de que qualquer um discorda.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
O absurdo é execrável, porém crível. Talvez porque execrável que queira-se crer. Talvez o absurdo é o que torna a realidade completamente aceitável para que seja possível normalizar e naturalizar seu status atual.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
Isso sim chama bastante atenção. As pessoas tendem a acreditar em coisas cada vez mais absurdas. Acredita-se que o comunismo vá querer dividir todos os seus bens, para que com esse absurdo, possa-se crer que a realidade que se vive é a "melhor dos mundos possíveis".</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px; text-align: justify;">
É um dos mecanismos reacionários mais impressionantes. Elege-se um absurdo qualquer para naturalizar o estado atual das coisas e dizer que a alternativa é execrável.</div>
</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-35901334591689948072016-11-30T10:53:00.002-02:002016-11-30T10:53:56.502-02:00Novilíngua<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
O conceito de novilingua criado por Orwell no livro 1984 está cada vez mais presente nessa recente onda conservadora.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Uma disputa pela semântica onde não se trata somente de ressignificar, mas principalmente de reavaliar o conceito sob uma remoção, esvaziamento ou reclassificação de determinados sentidos.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Assim, a palavra "socialismo" que tem um espectro de significações bem específico termina por se tornar um conceito que abrange, em si, as mazelas do totalitarismo, o empob<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;">recimento generalizado etc.</span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px;">
O mesmo ocorre com as palavras demonizadas no discurso de quem as enxerga como "crimideas" (conceito orwelliano para pensamentos considerados ilegais). Nesse quesito têm recaído o feminismo, a consciência negra e qualquer outro movimento que abrange essa crimideia recentemente esvaziada de sentido chamada "esquerda".</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Se o totalitarismo previsto por Orwell era institucional, estatal. O que se vive recentemente é uma nova ressignificação de um colonialismo já naturalizado.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Naturalizou-se e vive-se sob o "crimedeter", como explicado pelo mesmo autor nesse recomendadíssimo livro:</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"Faculdade de deter, de paralisar, como por instinto, no limiar, qualquer pensamento perigoso. Inclui o poder de não perceber analogias, de não conseguir observar erros de lógica, de não compreender os argumentos mais simples e hostis ao Ingsoc*, e de se aborrecer ou enojar por qualquer trem de pensamentos que possa tomar rumo herético."</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
*Ingsoc é o nome do partido que rege o totalitarismo distópico do romance.</div>
</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-73741923777127287552016-11-30T10:47:00.001-02:002016-11-30T10:47:48.929-02:00A tal da legitimidade<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
A busca por uma legitimidade ou credibilidade política encontrou o parlatório de qualquer roda sobre o tema. Principalmente quanto às manifestações sociais</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
E a deslegitimação parece encontrar um ponto em comum na dita "violência".</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"Como assim? Depredar patrimônio? Inaceitável!"</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Não importa se se está protestando pela PEC 55, contra o fascismo, contra coxinhas, contra petralhas. Houve violência televisionada, perde-se a "credibilidade".</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"Não importa quem começou"</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Causa mais escândalo a quebra de um vidro pertencente ao patrimônio público do que o desmonte de políticas sociais.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
A materialidade do vidro é mais impactante do que os números de futuros afetados com o desmonte próximo.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
A imagem do vidro é mais relevante.<br />A imagem do carro queimado causa mais impacto.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
E como não há de causar? É a destruição do físico. Do que se apresenta logo a frente, do palpável.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"Poderia ser seu patrimônio" é mais impactante do que "Poderia ser você" ao ver a imagem de um manifestante ferido.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O "sacrifício" orçamentário encontra seu caminho na fatalidade. Ora, é "inevitável" que os desmontes assim ocorram.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
O vidro quebrado era evitável. O desmanche de demandas sociais não.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
A violência reativa de manifestantes sempre é evitável. O corte em educação e saúde: inevitabilidades governamentais. Temos de aceitar.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
As manifestações completamente "desnecessárias" de hoje comprovam que o fatalismo é mais "legítimo."</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Melhor não ter a imagem de um vidro quebrado. Isso é ilegítimo. É uma violência inaceitável.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Já a retirada de direitos, essa é tão metafísica que não vem à mente nenhum simbolismo de repúdio.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"Ah, só é fudido porque estava fadado ao seu destino de não se esforçar o suficiente".</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
A inversão é simples:</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Fatal e determinado: as ações de desmanche que se presenciam hoje no Congresso. LEGÍTIMO</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Completamente evitável: a violência reativa, vidros quebrados e carros depredados: ILEGÍTIMO.</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
A Imagem venceu. E o iconoclasta... ilegítimo por natureza.</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-32312225249249548852016-08-20T11:15:00.000-03:002016-08-20T11:16:25.182-03:00Construção da imagem reconhecível do inimigo<div style="text-align: justify;">
A lição a ser aprendida com Carl Schmitt é que a divisão amigo/inimigo nunca é apenas a verificação de uma diferença factual: o inimigo é, por definição, sempre - até certo ponto, pelo menos - invisível, parece com um de nós, não pode ser diretamente reconhecido, razão pela qual o grande problema e a tarefa da luta política é o de proporcionar/construir a IMAGEM reconhecível do inimigo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(Isso também deixa claro por que os judeus são o inimigo par excellence: não é só que eles ocultam a sua verdadeira imagem ou perfil - é que não há, em última instância NADA sob suas aparências enganadoras. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os judeus não têm a "forma interna" que pertence a qualquer identidade nacional adequada: eles são uma não-nação entre as nações, a sua substância nacional reside precisamente na falta de substância, em uma plasticidade infinita sem forma). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em suma, o "reconhecimento inimigo" é sempre um processo performativo que, em contraste com as aparências enganadoras, traz à luz/constrói a "verdadeira face" do inimigo. Schmitt refere-se aqui diretamente à categoria kantiana do Einbildungskraft, o poder transcendental da imaginação: a fim de reconhecer o inimigo, a subsunção conceitual nas categorias pré-existentes não é suficiente; tem-se de "esquematizar" a figura lógica do inimigo, dando-lhe características sensíveis concretas que o tornam um alvo apropriado de ódio e luta.<br />
<br />
<br />
Tradução de pequeno texto de Slavoj Zizek retirado de http://www.lacan.com/frameXX6.htm para uso posterior.</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-50527428380336604652015-03-17T10:06:00.003-03:002015-03-17T10:06:57.830-03:00A Musa de uma Era<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">- Essas eras contadas em unidades de tempo que realmente importam.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aquele tempo elástico onde o que importa é o quanto o momento dura. -</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">fez-me perceber um desvelamento</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que somente sob o olhar de misteriosos globos negros sob cílios bem trabalhados</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Poderia ser pronunciado:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b id="docs-internal-guid-cc167861-27d7-588a-5a6f-273955895fca" style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em matéria de sofrimento e felicidade, (sup)opostos, estamos sós.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Eis com a mais bela apresentação da solidão e responsabilidade humana.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E por mais que fosse óbvio pensar assim, nos lábios sedosos de uma musa aquilo soara como o maior desvelamento já feito em questões de coração - e pulmões, pois respira-se melhor ao tragar tal verdade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-weight: normal;"><br /></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma deusa, para além de uma musa, sem dúvida.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas uma deusa que, ao falar tais verdades, não consegue se encaixar em um arquétipo pré-definido.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ela “está” como muitas. É Atena, governada pela razão em suas muitas decisões. E, apesar de não ser complacente como Perséfone, é guiada para uma espiritualidade que a coloca em diferentes estágios de admiração alheia.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><div style="text-align: justify;">
Uma musa, uma Calíope inspirada por sua eloquência, uma não só, muitas. De tal maneira se apresentou. Assim se mostrou, muitas em uma, tão paradoxalmente interessante, tão, tão...</div>
</span>Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-11740380767589162972015-03-02T08:23:00.003-03:002015-03-02T08:23:32.582-03:00Nota Aleatória S/N<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px;">
Ortega chama de homem-massa aquele indivíduo que não quer ter passado, que ignora sua história, que despreza tudo o que veio antes.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
"É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado"</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
É um ser politicamente criado e recriado do nada, a partir do que se apresenta diariamente talvez por essa entidade sem muita face chamada "grande mídia".</div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
E sem história é como “querer começar de novo, é aspirar a descer e plagiar o orangotango.”</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
A isso junte-se as possibilidades tecnológicas... uma educação visual que tem sua base teórica em memes graficamente agradáveis.</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
À fórmula acrescente aquela necessidade desenfreada de ter opinião sobre tudo</div>
<div style="margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Tem-se aí o personagem politicamente mais arrogante que já se criou. O ser político sem história, sem teoria e com opinião veemente sobre tudo.</div>
</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-24892520178056803642015-01-18T10:16:00.000-02:002015-01-18T10:16:11.774-02:00O incrível universo das analogias aleatórias<div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
Flutuam analogias nos argumentos mais diversos. De fato um recurso poderoso para se fazer compreender que, no entanto, deve ser usado com a noção de que o outro entende uma parábola qualquer por vias que definitivamente não são as mesmas do que a narrou.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
Tentar estabelecer esse lugar comum de utilização do princípio geral que se quer passar pela analogia ou pelo "causo" contado é tarefa mais difícil do que simplesmente tentar falar o princípio geral de maneira direta. Apresenta-se o cristianismo com seus milhares de contos e relatos onde os aparentes princípios encontram-se completamente distanciados de quem, de fato, falou em princípios, o tal discípulo tardio Paulo. Como já dito em milhares de outros textos: o cristianismo de Cristo é completamente diferente do paulino. Completamente. Parcela de culpa, passa, sem dúvida, pelo uso tão frequente da figura de linguagem que se trata aqui.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
O uso indiscriminado de analogias em discussões públicas é tão grande que as mais absurdas relações são feitas sem pudor algum. Deve-se lembrar, há um princípio por trás do que se quer dizer. Esse é superior à analogia. Um exemplo não vale mais do que o que de fato quer-se dizer.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
Parece que há uma cortina de fumaça por trás do que quer-se dizer de fato, pois simplesmente não há o que se dizer. Pela obrigatoriedade da opinião... cá está uma analogia, um exemplo, um paralelo. O que se quer é somente emitir uma opinião que por falta de qualquer embasamento seja teórico, ou minimamente "lógico" não faria o mínimo sentido.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
Em exemplos: (i) é recente a situação do brasileiro que morreu por fuzilamento por tráfico de drogas na Indonésia. Não por acaso, houve pedido, por parte do governo brasileiro, de clemência. Nesse sentido, chega alguém com a brilhante noção de analogia e ressalta, em brados, "mas o governo não lamenta as mortes diárias no Brasil por tráfico." Se alguém consegue relacionar de forma honesta as duas coisas a ponto de a segunda invalidar a primeira, fazer o favor de não utilizar nenhuma analogia para explicar seus motivos.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
Ou ainda (ii) a contra-argumentação para qualquer manifestação que não envolva o tema corrupção. O velho clichê: "tanta coisa importante para ser resolvida e esse bando de baderneiro fazendo marcha contra homofobia? E a corrupção?".</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
Trata-se do uso indiscriminado de truísmos. Para não se adentrar profundamente em discussão alguma, sem no entanto, eximir-se da pressão social em ter uma opinião, coloca-se a culpa nesses grandes objetos como a Corrupção. O que, no fim, não quer dizer absolutamente nada. Reducionismos puros e rasos. O famoso "O grande problema do (insira uma instituição qualquer) é o (insira um problema do qual você já ouviu falar e que seja latente)". Ou seja, tem-se uma opinião de autoridade com um tom de revolta que é tão rasa quanto um córrego seco. Aliás, perdão pela analogia.</div>
</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-27085388158977731022014-10-20T20:32:00.003-02:002014-10-20T20:32:57.268-02:00Ainda sobre a questão do Outro<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
1. A melhor maneira de desumanizar é evitando a empatia. </div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
2. Somente quando não é mais possível ao menos a tentativa de colocar-se no lugar do Outro é possível fazer com que este não seja mais humano.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
3. Sendo o outro não mais humano, tudo o mais é possível. Toda moral pode ser descartada.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
4. Não se trata de simplesmente colocar o Outro como um animal, mas como algo descartável. Algo.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
5. Quando o Outro é Algo é possível retirá-lo de qualquer hierarquia. O Outro é categoria diferente.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
6. Para que chegue-se a esse ponto, é necessário que o Outro seja primeiramente reconhecido como inferior. Se o ser-para-si e o ser-para-o-outro (Sartre) são simultâneos parece que há uma inerente necessidade de que a analogia inevitavelmente crie uma hierarquia. Ora, primeiro Eu, depois o Outro.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
7. Com a hierarquia definida entre o Eu e o Outro, cria-se o ambiente, o contexto - onde se inclui o histórico e social - onde o mundo comum deixa de existir. </div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
8. O mundo comum deixa de existir nos hiper-cenários de guerra - inclusive a velada - onde o Outro deixa de compartilhar o mesmo tempo e espaço. Está completamente fora de universo.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
9. Reconhecer deixa, assim, de ser um ato de conhecer novamente, mas sim o ato de conhecer de outra forma.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
10. O Outro é, então, reconhecido em outro estado de coisas. Um universo no qual só pode ser colocado como que em uma categoria diferente.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
11. A alteridade só pode ser reconhecida se estiver subordinada à identidade. Doutra maneira, trata-se de simples categorização de universo distinto.</div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
<br /></div>
<div style="font-family: Tahoma; orphans: 2; text-align: justify; widows: 2;">
12. Com isso, a tese de Lévinas, de que só há liberdade na preservação da liberdade do Outro, ou ganha ressignificação ou demonstra a total ausência de liberdade quando se categoriza o Outro. Em contexto considerado, a última hipótese parece se aproximar bastante de qualquer análise ultrafísica.</div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-1830221271793875952014-08-17T19:55:00.004-03:002014-08-29T17:55:10.133-03:00Sobre o quão volátil pode ser isso que chamamos de cristianismo<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ou... cristianismo é aquela religião que te permite adorar qualquer deus desde que ele seja chamado de Jesus.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Heinrich Heine, em Contribuições à História da Religião e Filosofia da Alemanha de 1835, escava a transformação do cristianismo alemão definindo um caminho que vai desde o teísmo protestante até o puro deísmo. A clássica distinção entre os dois termos pode ser a apresentada por Kant na Crítica da Razão Pura, onde, em termos mais simples, tem-se o deísmo como a redução do conceito de Deus para termos mais racionais, com a possível exclusão de uma revelação divina para que seja possível a crença. Ou seja, perante uma necessidade - expansão da crítica filosófica - o cristianismo se adaptou e transformou-se.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Desculpas devem se fazer presentes pois o presente devaneio não se trata de um trabalho acadêmico. Sendo assim, passada essas primeiras citações, observa-se, sem muito rigor inclusive, que em ditos atuais, uma classificação do que pode ser chamado de “cristão”, na realidade tem um espectro tão amplo que encontrar o núcleo da referida religião parece tarefa impossível.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É possível afirmar que o sistema de pensamento atribuído a Jesus é tão amplo e grandioso que a auto-declaração é mais positiva do que a existência de um tribunal que possa definir qual seja o núcleo duro da religião. Pode ser, de fato, algo positivo. No entanto, quantas religiões tiveram de usar do sincretismo para poderem entrar nas graças da religião oficial e perderam muito de sua essência, de seus cultos e, principalmente, de suas possibilidades?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esse, entretanto, é somente um lado da questão. Pois se, de fato, o sincretismo por parte de determinadas religiões teve de ocorrer para que houvesse uma aceitação por parte da religião, o cristianismo também teve de abrir mão de crenças anteriores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Essa é a questão que se apresenta centralmente no que aqui argumento. Para sobreviver, a religião do título, teve de se adaptar. E, por fim, terminou perdendo qualquer tipo de legitimidade quanto à definição de seu deus.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em alguns momentos a divindade é apresentada como o Deus que tem as possibilidades humanas ampliadas, como dizia Feuerbach. Ou seja, o Deus que é onisciente, onipresente e onipotente. Por outro lado, alguns acreditam que isso é um problema, considerando-se o sofrimento humano, daí a necessidade de inserir Deus em uma relação mais próxima com a sua criação, daí a teologia relacional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Outros ainda, deixam de crer no livre-arbítrio, acreditando numa graça irresistível. Ou melhor, para além desse calvinismo mais intelectual, o bom senso cristão é de que o livre-arbítrio existe, pero no mucho. É o caso de frases contínuas de “foi a vontade divina” ou “a Providência me livrou desse mal”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alguns podem afirmar que o núcleo central do cristianismo é o sacrifício vicário de Cristo. Ora, seria muito ingênuo crer que toda vertente cristã realmente vê o referido sacrifício de iguais maneiras. Ou se, de fato, alguns vêem como um sacrifício inclusive.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em termos mais práticos, parece que qualquer observador que não esteja inserido no meio consegue observar uma diferença muito absurda, inclusive na base da crença, entre uma igreja neopentecostal e uma tradicional. Afinal, por exemplo, não parece pertencerem a uma mesma religião a Igreja Universal e a Igreja Luterana. Ainda assim, o tratamento de fraternidade parece ser forçoso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não espero que se busque um núcleo duro, até porque nessas igrejas sempre se encontrará um ou outro mais radical afirmando que sua verdade é a melhor e, definindo de maneira sublime, o coração de sua religião.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nem o futuro incerto, acerca do qual tanto se fala, é mais um fator preponderante de união fraternal. Há muitas igrejas que abandonaram o discurso de culpa e substituíram pela promessa de vida boa já nessa que se vive.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O único discurso presente que se vê é somente o rótulo, que com a quantidade absurda de significados, passa a ser cada vez mais uma visão holística do nada: o nome de Jesus. Pronunciado com frequência e talvez o nome mais adaptável da história.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jesus transformou-se no nome que se usa para justificar qualquer maluquice possível. Ora, se se faz guerra, homicídio, racismo, sexismo, xenofobia, homofobia e tudo o mais sob a tutela do próprio Cristo o que não se pode mais fazer? Está tudo permitido, exatamente por conta da religião, se for para replicar a clássica afirmação de Dostoiévski.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-3260295067532506452014-08-13T16:16:00.000-03:002014-08-13T16:37:21.724-03:003 coisas<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Há três coisas que se deve ter em mente.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A primeira é uma fatalidade.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A segunda é uma possibilidade constante.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A terceira é uma escolha.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">1. Você vai morrer.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">2. Você pode morrer a qualquer momento.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">3. Você pode viver.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, viver, por mais clichê que seja, é sempre uma escolha. Diária.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não pode-se simplesmente ter a existência justificada no próximo passo, no futuro, como se houvesse sempre uma cenoura a sua frente, te motivando a caminhar. A vida não se justifica para o futuro, ela vale por si.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-82302973970778526392014-08-11T08:44:00.002-03:002014-08-11T08:44:14.218-03:00Vazio<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vazio de intensidade</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">de sentimentos</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">de existência.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Completamente ébrio do pó de Morfeu</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não preenchido por tédio,</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">mas vazio do que teve em pouco tempo.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Da intensidade;</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Da euforia;</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De lembranças fortes;</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De coração cheio.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pés na areia;</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Horas acordado;</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Danças contínuas;</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Saudades da esperança de correspondência.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-49875362431203898742014-08-04T16:13:00.001-03:002014-08-04T16:13:38.844-03:00Substituições<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se o decorrer da existência não passa de uma sucessão de momentos;</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se a sucessão é tão inquieta que tem infinitas partes;</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Por que haveria de existir também aqueles momentos que duram infinitos?</span></div>
<b id="docs-internal-guid-b4b90595-a26f-188d-e5ec-61b59478b001" style="font-weight: normal;"><br /></b>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A dor não tem fim, é substituída.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O prazer procurado tem fim, mas ainda assim é substituído.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Dor involuntária.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Prazer buscado. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Angustiantemente.</span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando se encontra o prazer, preceitua-se que ao seu fim a dor continuará.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E assim segue uma série de momentos.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Prazer e dor. Dor e prazer.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 15px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Revezamento sucessivo.</span></div>
<br /><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Seria o próprio revezamento uma das expressões da existência? A maior prova de vitalidade?</span>Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-73457435039811361072014-06-19T10:55:00.004-03:002014-06-19T10:55:51.983-03:00Objetos impossados<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A noção de um objeto sem posse parece não encontrar base segura no espírito humano.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Observe-se, por exemplo, a culpa. Um objeto que, para além dos limites da propriedade privada física, carece de pertencimento. Se alguém dita a insana ideia de que a culpa de determinada ação não tem dono, a angústia se apresenta. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pontualmente, se não há responsabilidade, há angústia. Por isso a busca constante pelo culpado. Talvez por essa razão (e muitas outras por óbvio) as substituições religiosas sejam tão acalentadoras. E por religioso faço referência a qualquer responsabilização indistinta. Culpar o "sistema corrupto" parece ser tão confortável quanto dizer que a culpa do mal é divina.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No entanto, para que não caiamos em um problema de auto-referência, a ausência de angústia também deve pertencer. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Busca constante do livrar-se da angústia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nesse sentido, para além da culpabilização - que pode ser própria inclusive - há tentativa contínua de livramento de responsabilidade. A alteridade geralmente tem uma culpa maior, por ser um ente distante da visão mais substanciosa. É a <a href="http://rapensando.blogspot.com/2014/02/a-categorizacao-do-outro.html" target="_blank">categorização do outro</a> na mais banal e baixa relação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em termos austeros, o eu não se responsabiliza, culpabiliza e categoriza o outro por simplesmente preterir a angústia. Pontualmente. Amplamente a questão parece descer o abismo para termos de propriedade.</span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-74470694286648511462014-04-10T16:09:00.000-03:002014-04-10T16:09:05.040-03:00Viciado em parcimônia<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se “pode-se resistir a tudo menos à tentação”, aquele ser dotado de duvidosas intenções apresentava-se com o mais perfeito vício da moderação, a maior tentação de todas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Toda a sociedade lhe incutiu aquele almejado desejo de ser o ideal do filósofo platônico, do cristão sincero, ou seja, de se expor ao mundo como o que não é. Ou pior, como o que, no fundo, ninguém deseja ser, por pura falta de interesse ou esforço. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não dava-se a excessos, tampouco a ações ascéticas. Era o perfeito ponto de equilíbrio entre o desvairado libertino e o beato religioso. A personificação de domínio próprio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Encontrou-se com o prazer da moderação, lambuzou-se e enlameou-se em todas as consequências possíveis, inclusive a principal delas: entender que ser moderado é paradoxal, pois também é um excesso; que a constância não é para a existência um atributo, mas um fardo.
</span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-71727506648768457042014-03-14T20:24:00.001-03:002014-03-14T20:24:29.566-03:00Da relação entre falar impropérios e viajar<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Talvez não seja difícil encontrar
aqui e acolá diversas afirmações acerca das grandes vantagens de se viajar,
seja cultural ou espiritualmente. A despeito disso e sem desconsiderar as
referidas verdades, há um impacto muito maior na vida de qualquer um: o da
ponderação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando se conhece o outro, seja o
ser humano que se apresenta a sua frente, ou o lugar com geografia diferente da
sua, a comparação é inevitável. E a balança dizendo que o seu canto no mundo é
ruim nem sempre pesa. Melhor ainda, não há que se falar sequer em balança. A
comparação presencial e vivencial permite que a absorção do outro se dê de tal
modo que toda experiência seja igualmente positiva, ainda que.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Viajar torna-se então uma
atividade que, para além do prazer de novas vivências, acarreta a ponderação na
contraposição. Quanto maior a quantidade de parâmetros para se confrontar com a
realidade cotidiana, mais ponderação e menos afronta a própria cultura e
respeito às demais. O oposto disso é a reclamação descontrolada e a contínua
conversa de aleatoriedades preconceituadas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As afirmações anteriores ao serem
confrontadas com a realidade do país em que estamos, parece apresentar uma
dificuldade cultural histórica, além dos muitos que já conhecemos. É um
problema aparentemente irrisório e risível, pois trata-se de mero “turismo”. No
entanto, quando se observa o quanto o nosso país é isolado, não somente dentro
do âmbito da nossa cultura latina quanto dentro das múltiplas culturas da nação
continental, tem-se uma percepção do quanto de preconceitos e intolerância
advém do não-viajar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O turismo é obviamente restrito
financeiramente a determinados grupos. Entretanto, para além dessa asserção
evidente, culturalmente viajar é também um item de luxo, faz-se nas férias, ou
quando se tem dinheiro sobrando depois de se gastar para além do supérfluo.
Aquele que está em ascensão social não pode pensar em viajar antes de possuir
determinados bens, ainda que não sejam de extrema necessidade. Esse pensamento
infelizmente parece celebrar uma certa mediocridade já que os outros hábitos
sempre serão vistos com aquele velho filtro dos olhos alheios, visão esta que,
por vezes, precisa de óculos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Veja por si. Compare-se.</span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-8374315199452523972014-03-09T12:44:00.000-03:002014-03-09T12:44:08.995-03:00Terra seca<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"></b><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E para afastar a saudade,</span></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tentou afogá-la com novas lembranças</span></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No mar de memórias que sempre crescia.</span></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tentou então criar lembranças mais fortes</span></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que inundaram lugares secos.</span></b></div>
<b id="docs-internal-guid-c8995978-a782-b8d5-6d63-302957f8c05e" style="font-weight: normal;"><br /><span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando percebeu então que,</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Saudade não se esquece completamente.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Está sempre ali a nos lembrar</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que a vida, única por si,</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Precisa saber o que é passado,</span></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Alegria e dor.</span></b>Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-91325647326413236372014-02-13T15:48:00.002-02:002014-02-13T15:48:46.971-02:00A categorização do outro<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Considerar o termo categoria da maneira clássica que a filosofia a trata é pensar - de forma resumida e, consequentemente problemática - em uma tentativa de diferenciação de objetos a partir da atribuição de determinados predicados. Em linhas gerais, categorizar é tentar descrever proposições agregadoras para determinado objeto. Assim, o ser humano poderia ser categorizado como possuidor de determinados predicados e, assim, ser categorizado para ser diferenciado de qualquer outro animal ou objeto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ladislau Dowbor - <a href="http://outraspalavras.net/posts/a-atualidade-brutal-de-hannah-arendt/" target="_blank">em uma resenha do filme de Margarethe Von Trotta</a> que, por sua vez, faz alusão ao contexto da obra <i>Eichmann em Jerusalém</i> de Hannah Arendt - ressalta o caráter midiático de atribuição de predicados distintos para o outro. De tal forma, o que se observa em tentativas de manipulação midiática diuturnas é o ensino programado de que o outro que não se encaixa em determinado padrão não se encontra na mesma categoria de humanidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Há uma espécie de cultura criada a partir de agendas, sejam ocultas ou declaradas, mas que são bombardeadas hora a hora pelos meios de comunicação de massa em que o outro possa ser categorizado de tal maneira que o mal praticado contra o mesmo não cause empatia. O “bandido bom é bandido morto” é uma proposição que só faz sentido em sua lógica interna pois o bandido não é mais humano, ou ao menos, não está na mesma categoria que o indivíduo que profere a referida sentença.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Para que o exemplo do bandido não limite a argumentação, observe-se a tentativa constante de se garantir os direitos humanos às minorias - tarefa que preocupantemente tem se tornado hercúlea em alguns âmbitos de atuação, como no Legislativo Federal -. O outro não pode ter direitos garantidos pois a empatia deixa de existir. Sem empatia, sem entender que o outro é também parte do mesmo conjunto de predicados que o eu, tem-se a dita banalização do mal. Por fim, uma pequena passagem do texto do Dowbor citado anteriormente e que melhor resume a questão:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>"O terceiro argumento do filme, e central na visão de Hannah, é a desumanização do objeto de violência. Torturar um semelhante choca os valores herdados, ou aprendidos. Portanto, é essencial que não se trate mais de um semelhante, pessoa que pensa, chora, ama, sofre. É um judeu, um comunista, ou ainda, no jargão moderno da polícia, um “elemento”. Na visão da KuKluxKlan, um negro. No plano internacional de hoje, o terrorista. Nos programas de televisão, um marginal. Até nos divertimos, vendo as perseguições. São seres humanos? O essencial, é que deixe de ser um ser humano, um indivíduo, uma pessoa, e se torne uma categoria. Sufocaram 111 presos nas celas? Ora, era preciso restabelecer a ordem."</i></span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-74757443271518560392014-01-28T09:35:00.003-02:002014-01-28T09:35:38.592-02:00Dor pretérita<b id="docs-internal-guid-26c03418-d8a1-6f98-095d-edcc7885d830" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></b><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-26c03418-d8a1-6f98-095d-edcc7885d830" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aquela dor cicatrizada que de repente termina por romper a barragem.</span></span></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-26c03418-d8a1-6f98-095d-edcc7885d830" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma barragem construída com sentimentos alheios mal resolvidos.</span></span></b></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<b id="docs-internal-guid-26c03418-d8a1-6f98-095d-edcc7885d830" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ou talvez com sentires próprios, mas escondidos.</span></span></b></div>
<b id="docs-internal-guid-26c03418-d8a1-6f98-095d-edcc7885d830" style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Esse pélago em que caímos por vontade própria</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Toda culpa por qualquer sentir sempre recairá sobre nossos ombros.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Lembremo-nos! Sentir é ato egoístico.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ninguém nos faz sentir, nós que assim escolhemos.</span></div>
<br /><span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><span style="font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Dor preferida. Preterida. Pretérita.</span></span></b>Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-39029280424481460272014-01-21T19:16:00.001-02:002014-01-21T19:16:07.798-02:00Sobre isso de sucesso<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="http://ufrn.emnuvens.com.br/principios/article/view/496/428" target="_blank">A virtude grega que por um período foi objeto somente dos heróis homéricos</a> desceu ao nível mais populista afirmando que a moderação em tudo que se faz pode caracterizar um sentido mais geral do termo excelência. Ora, nem todo vitorioso é excelente em suas atividades ou em seu viver e tampouco o contrário. Deve-se ressaltar entretanto, por mais que seja banal, a crítica aos critérios estabelecidos para se considerar uma vitória. Tem-se alimentado constantemente uma cultura que visa a todo e qualquer custo a criação de vitoriosos. E mais que isso: consumistas de vitória.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estuda-se para ter um diploma, em consequência para se ter um bom emprego, e a partir daí para se ter determinado bem. Não há, aparentemente, nada em si que possa trazer satisfação a não ser a própria vitória, que efêmera em sua essência pode ser descartada pelo modelo mais novo que surge no mercado de ideologias. Assim, o desejo de se conseguir um diploma é logo substituído pelo afã de se ter um bom emprego, e assim por diante. Não que o desejo por objetivos alcançados seja ruim em si, mas o caminho trilhado para tal é sofrível tanto para aquele que o faz quanto para o outro. E, obviamente, estou a fazer uma espécie de observação superficial da sociedade que me apresenta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Explicito melhor. Orgulha-se e exalta-se o que tem a vitória - o que alcança determinado objetivo pré-determinado - por mais que o meio usado para tal tenha sido construído em sob ridículas bases. Deve-se entender que o oposto de derrota não é vitória, mas sim a excelência. Fazer algo da melhor maneira possível, ser virtuoso, <a href="http://www.ci-cpri.com/wp-content/uploads/2012/02/Arete-Heroismo-Excelencia.pdf" target="_blank">talvez no sentido grego, é o que poderia supostamente dar um fim à vida, ou seja, trazer a tão famosa felicidade no sentido aristotélico.</a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O melhor mantra e sentido da vida não é o da vitória sob qualquer condição, mas o da ação excelente sob qualquer circunstância. E por mais que seja tentador dizer que vitória é consequência da excelência, sabe-se que isso não é lá uma verdade factual. Talvez o oposto seja mais presente inclusive. No entanto, uma verdade supostamente de fato - ou pelo menos é a que melhor me apresenta - é a de que excelência traz algo superior ao sucesso, a felicidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">P.S.: Em termos mais cientificistas e, talvez por isso, mais profundos, há um artigo significativo da <a href="http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=534:o-ataque-dos-mediocres&catid=24:artigos&Itemid=104" target="_blank">SuperInteressante Portuguesa</a> sobre a questão da mediocridade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na realidade esses textos são mais uma forma de fazer hiperlinks do que trazer algum tipo de conteúdo realmente significativo.</span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-52292438532222451142014-01-02T09:51:00.004-02:002014-01-02T09:51:46.538-02:00Inacabado<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E na ânsia de um poema escrever</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estabacou-se na falta de rima</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na ausência do famigerado amor</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No afastamento dos sentimentos</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quisera talvez sentir</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A incerteza do suicídio</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A certeza da morte</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A pergunta clichê se renovou:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que seria o tal viver?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Essa mistura de proximidade da morte</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Com a adrenalina de um pára-quedas que não se abre.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E no fim o que importava…</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Era a atitude com relação à metáfora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Perder-se no conformismo do chão que se aproxima.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ou se debater tentando consertar a situação?</span></div>
<div>
<br /></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-89192636035869829512013-12-26T11:54:00.000-02:002013-12-26T11:54:23.836-02:00Os consequencialistas<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assistencialismo é o termo que jorra da boca dos que proclamam aquele governo apolítico, que tem governantes desinteressados por sua própria manutenção no poder, para criticar toda e qualquer política social. A despeito de uma política de assistência que pode ser assistida, provisória ou direcionada, usualmente a palavra primeira desse texto é carregada de caráter negativo atribuindo-se simplesmente uma tentativa de angariação de votos por parte da população “beneficiada”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ressalto, em primeiro lugar, o caráter do benefício pois uma política pública com caráter provisório - tal qual qualquer política pública de ação afirmativa - tem como princípio uma tentativa de corrigir determinada situação que necessariamente tem caráter histórico opressivo. A miséria não é escolha, a exclusão social não é genética, a discriminação racial não é opção. Portanto, não se trata de beneficiar, trata-se de corrigir, esse é o princípio axiomático anterior que deve pautar a justificativa para um programa assistencialista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Isto posto, parece igualmente demagógica uma crítica que vai em direção àquele pensamento de que há uma troca, entre o ganho do benefício e a perda da liberdade política. Em um primeiro momento, quase não há como se falar em liberdade política <i>strictu sensu</i> tendo em vista as muitas métricas utilizadas em propagandas políticas. A aparente liberdade política é sempre trocada pela maneira mais eficiente de convencimento tendo em vista o uso e direcionamento de princípios que regem cada classe social. Trata-se de simples mapeamento com posterior publicidade massiva na reafirmação de preconceitos e conceitos. O momento clichê de que, mesmo na superficialidade, não há muitas opções de escolha merece análise mais aprofundada, sem dúvida, mas nesse sentido teríamos de adentrar em financiamento público de campanha e outros assuntos. Entretanto, o destaque aqui dado está no fato de que o assistencialismo estará sempre acoplado a um governo, a vinculação de votos parece ser inevitável a qualquer política, afinal é uma democracia, não naquele sentido de que todos podem definir o futuro político, mas de que todos têm a possibilidade de futuros políticos distintos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E já que estamos falando de princípios, deve-se ter em mente que o que vale em qualquer política de direitos humanos não são as consequências, os simples números que se apresentam como resultados. Exemplo claro e que, por vezes, é criticado, diz respeito à Lei Maria da Penha, sabe-se que o número de violência contra mulheres aumentou após a edição do referido normativo em 2006. A isso pode-se atribuir inúmeras variáveis tanto para os críticos quanto para os que a defendem. No entanto, o que deve-se observar precipuamente é o princípio. O princípio de preservação da vida da mulher, frente à opressão instalada historicamente, é o que deve guiar a instalação de uma política pública de qualidade em qualquer sentido. Números e consequências são nortes, servem para manutenção de algo anterior, o direito garantido ao humano, principalmente aquele de minoria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ao lado do princípio, do direito humano garantido, deve-se ter em mente que uma política não pode ser sempre repressiva, deve ser também inclusiva. A garantia de direitos LGBT não pode ser acompanhada somente da tipificação penal - ressalte-se que esse é também um meio válido -, mas deve ter ações positivas, talvez de longuíssimo prazo, para mudança do status quo que gerou a política pública. Em suma, toda ação afirmativa ou garantia de direitos humanos por via normativa ou política deve ser pensada de maneira que seja sempre temporária, de maneira que mude um pensamento social, ainda que a longíquo prazo de mudança. Parece óbvio, mas para aqueles que ainda se consideram afetados pelas diversas garantias de direitos a minorias, deve-se sempre dizer: para além de prerrogativas, uma política visa mudar uma forma de pensar, visa diminuir preconceitos e corrigir a situação do historicamente sujeito.</span></div>
<div>
<br /></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-86752878645275947592013-12-19T14:39:00.001-02:002013-12-19T14:41:59.351-02:00A maldição da eternidade<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pensar nos termos daquilo que não tem fim geralmente causa um estremecimento mental - ou espiritual se sua crença assim permitir - no sentido de que adianta-se aquilo que, além de não ser passível de concebimento físico, parece não ser do âmbito do imaginável.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não é a toa que a eternidade é sempre utilizada para amedrontamento. E não é para menos. O alívio mais imediato que temos é o de que um dia as coisas terão fim e, consequentemente, o tal sofrimento, como se à realidade, intrinsecamente, fosse atribuída a tristeza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Imaginar uma eternidade individual parece ser realmente a plena definição do maior sofrimento que pode-se infringir a um ser humano. Destacá-lo de qualquer interação social, pois todas elas o farão sofrer com o fim dos outros, é a pior sentença que qualquer um pode receber. Ver seus amigos passarem, seus amores esvaírem-se é o mesmo que ver sua vida desmoronar-se sem ter aquela esperança dos mortais: a de que um dia as coisas terão fim.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aliás, pensar em um inferno eterno parece ser cada vez menos inconcebível. Claro que antes deve-se estabelecer que a ontologia requerida observa esses fatores conexos à existência: tanto o sofrimento quanto o prazer. Isso é uma premissa, um mero axioma que coloco: parece não haver sentido em falar de um ser (primariamente esse com consciência) se se retira do mesmo a espera pelo sofrimento ou pelo prazer. Com isso quero afastar aquela possibilidade de que existe um inferno onde tem-se somente sofrimento, mas onde os seres não tem consciência do que vem a ser o prazer. E vice-versa a noção de um paraíso onde os seres tem puro prazer (sem adentrar no que isso pode significar) sem a consciência do sofrimento. No entanto, não faço referência somente à saber, conhecer ou imaginar o oposto do que se vive, mas a esperar pelo mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De forma mais clara, o inferno só seria possível se o sofrimento ali presente não somente fosse oposto ao prazer, mas também que esse último fosse esperado. É a esperança, o movimento, o sonhar, que dá existência a essa dupla polaridade. Não há sentido em falar de sofrer se, para além, da noção de prazer, este não fosse também esperado em um futuro próximo. Afinal, sofrimento consciente geraria resignação e não mais seria sofrer. A eternidade, em todos os sentidos, parece ser insustentável, ao menos para essa existência tão mutável que parece nos cercar. Uma existência que exige o sonho, o devir.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Quem quer viver para sempre? Quem ousaria viver para sempre?" - O questionamento tão clichê naquela melodia tão bela do Queen</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Que poder o inferno teria se os presos daqui não conseguissem sonhar com o paraíso?" - Sandman</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">P.S.: Não poderia deixar de indicar um filme que em sua simplicidade traz questionamentos tão pertinentes quanto ao tema - <a href="http://www.imdb.com/title/tt0756683/" target="_blank">The Man from Earth</a></span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-5160178372808369912013-12-12T11:30:00.000-02:002013-12-19T13:45:21.018-02:00Sabotar-se<span id="docs-internal-guid-55873eeb-e6fd-6d4d-61b0-c09569f4414e"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Adquirimos o dito conhecimento, os prazeres da companhia alheia ou qualquer outro deleite unicamente para que esse interregno - entre o dia em que nossa pele tocou o não tão agradável ar desse mundo e aquela outra data em que esse mesmo órgão se transformará em alguma matéria outra - não seja completamente envolto pelo tédio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para que não se discuta acerca de natureza humana ou ser social, a origem aqui pouco importa, o pressuposto está claro: o ser humano é inquieto, a existência o é (ou a consciência do existir). E mais, talvez esse ser ao qual faço referência se auto-sabote o tempo inteiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Se houvesse pretensão de qualificar a existência, assim poderia ser colocada: irrequieta. O motivo para tal: a realidade também fluida e em constante mudança. Por se mostrar a realidade tão dinâmica, o ser que tem consciência de um momento de estaticidade, mesmo que em momento de prazer, se sabota, não o deseja mais, pois a partir do momento que o aprazimento é estático não há mais deleitamento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Viver ignorando o fato pessimista anteriormente dito, por vezes apresentado de forma clichê em supostas filosofias derrotistas, é desprezar ou não ter plena noção da importância que os prazeres de uma vida carregam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.15; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Não que seja plenamente necessário o experimento diário do tédio, mas imaginá-lo além do inevitável é incontornável para uma elevação do entendimento do curso do que chamamos de vida.</span></div>
<div style="font-weight: bold;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 15px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
Raphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-19345964.post-11558122871816102932012-09-15T15:00:00.001-03:002012-09-15T15:01:36.190-03:00Ímpeto MatinalAo acordar ébrio de sono e sonhos<br />
Via-se desvencilhado das impossibilidades que foram com ele à cama.<br />
<br />
Aquele sonhar acordado nos primeiros momentos da consciência, da realidade;<br />
Coragem de herói mítico.<br />
Daquele que acabara de vencer o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A2nato" target="_blank">irmão gêmeo</a> do sono: a morte.<br />
<br />
Um pequeno passar de tempo trazia consigo, no entanto, a certeza da fragilidade de ações planejadas em conjunto com o moldador de sonhos.<br />
<br />
Seus irmãos, esvaiam-se;<br />
E, se antes, apareciam como animais ou objetos inanimados,<br />
Hoje o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dcelo" target="_blank">pesadelo</a> e a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A2ntaso" target="_blank">fantasia</a> não passam de realidades constantes.<br />
<br />
Realidades que arrastam correntes como um fantasma a pôr medoRaphael Raphttp://www.blogger.com/profile/09142410009728922458noreply@blogger.com1